
Historicamente, o sistema de energia passou por várias ondas de transformação. Cada uma delas levou, em média, de 15 a 25 anos entre sua primeira aparição e o momento em que se consolidou. Depois, mais 15 a 25 anos até que se tornasse dominante em todo o sistema. Mas essa linha do tempo está mudando.
A chegada da inteligência artificial (IA) representa um desses pontos de inflexão. O relatório “Cenários de Segurança Energética 2025: Energia e Inteligência Artificial”, da Shell, mostra como a tecnologia está deixando de ser apenas suporte para se tornar base estrutural do funcionamento do mundo. Da mesma forma que os veículos elétricos e a energia solar mudaram o setor energético, a IA está reconfigurando a forma como trabalhamos, consumimos e nos relacionamos com o planeta.
A IA como motor da nova transformação global
Hoje, já temos mais smartphones do que pessoas no mundo. Só o YouTube recebe cerca de 30 mil horas de vídeo por hora, e o Google processa 9 bilhões de buscas por dia. Esses dados mostram o quanto nossa vida está orientada por sistemas digitais.
Agora, a IA amplia esse movimento. Modelos de linguagem como o ChatGPT, aliados à automação de processos, tornam-se ferramentas predominantes em áreas tão diversas quanto saúde, indústria e serviços financeiros. Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), 40% dos empregos no mundo estão expostos à IA. Esse número chega a 60% nas economias avançadas, 40% em mercados emergentes e 26% em países de baixa renda. O que muda não é apenas o risco de substituição de postos de trabalho, mas também a oportunidade de complementação de tarefas, produtividade e inovação.
Energia, carbono e o papel da IA

Outro ponto crucial destacado pelo relatório é a urgência climática. O crescimento em escala da remoção de carbono, seja por soluções naturais ou tecnológicas, será essencial para atingir emissões líquidas zero na segunda metade do século. Isso coloca o manejo da terra, a preservação da biodiversidade e a inovação em captura de carbono como protagonistas na agenda global.
Nesse cenário, a IA pode acelerar processos: da análise preditiva em cadeias produtivas ao gerenciamento inteligente de sistemas energéticos. Imagine usinas solares e eólicas coordenadas por algoritmos capazes de equilibrar oferta e demanda em tempo real, ou modelos que identifiquem as áreas mais estratégicas para regeneração ambiental.
O futuro não espera

O relatório também projeta que a demanda por energia primária em 2050 pode ser quase 25% maior do que em 2024, dependendo do crescimento econômico, da eficiência energética e da eletrificação. Esse dado reforça que não se trata apenas de gerar mais energia, mas de fazê-lo de forma sustentável e inteligente.
Se as ondas tecnológicas do passado demoraram décadas para se consolidar, a da IA avança em ritmo acelerado. Isso significa que governos, empresas e trabalhadores precisam se preparar agora, não só para os riscos, mas principalmente para as oportunidades.
A inteligência artificial é, sem dúvida, a nova onda tecnológica. E como toda onda, quem souber surfar primeiro terá mais chances de liderar o futuro.
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Referência:
SHELL. The 2025 Energy Security Scenarios: Energy and artificial intelligence [PDF]. Disponível em: Shell.com